Monday, November 9, 2020

#JusticiaParaMarina

Creí que el primer artículo que publicaría para retomar este blog sería una reseña que estoy preparando sobre el libro "Ciudad feminista", de Leslie Kern, publicado en español por EGodot Argentina. Pero no. El primer artículo se convirtió en esto que será una confesión, en otro llanto o tal vez solo una forma de dejar salir el dolor que me produjo saber de la muerte de Marina Kohler Harkot.

 

Marina tenía 28 años; era ciclista, era feminista y dedicaba su vida a estudiar la movilidad en bicicleta de las mujeres en la región metropolitana de São Paulo. Actualmente era candidata a Doctorado en Planificación Urbana y Regional en la Facultad de Arquitectura y Urbanismo de la Universidad de São Paulo. Y el domingo alguien, manejando su carro, la mató, mientras ella iba en su bicicleta por la Avenida Paulo VI. Y huyó. Matar y huir. Cuánta crudeza.

 

Y, en efecto, tal cual lo diría Daniela Suau, primero “sabrán las y los activistas ciclistas, luego más ciclistas, las redes sociales, mi mejor amiga, mis vecinas y, si tengo un poco de suerte, al menos más que la que me quitó la vida, quizás lo repliquen los medios de comunicación”. Nos enteramos de esto por el chat de Mujeres ciclistas de Latinoamérica, una comunidad de mujeres, de muchos lados, congregadas para contarnos y visibilizar nuestras experiencias en bicicleta. Y así, un caso más, un número más, una estadística más. Sin embargo, para quienes la memoria nos ocupa el pensamiento y la emoción, nos quedamos también con el corazón quebrado.

 

Marina podemos ser todas, y Marina también era Marina. La feminista, la activista de la bicicleta, la académica. La hija de alguien, amiga de alguien, compañera de alguien y una aliada más de los feminismos en bicicleta. Compañera nuestra. Una mujer que no solo se movía en bici, sino que la estudiaba y, estoy segura, ocupaba su vida en pensar cómo resolver la inseguridad y las violencias que nos afecta a las mujeres ciclistas y no solo esa que la mató, sino la que también nos acosa, nos viola y nos borra. Realidades que todas tratamos de combatir.

 

Un día después, no puedo creerlo. Sigo sin creerlo. En mi shock, me dijo otra amiga, que no queda de otra que escribir desde el coraje y el miedo. Tengo rabia. Tengo miedo. Y escribo esto. El activismo nos da agencia, y desde ese lugar, empezamos a transformar las realidades que también nos atraviesan. Y defendemos el lugar de la bicicleta en la movilidad urbana, y exigimos seguridad, espacios para transitar en paz y que también se visibilicen las experiencias de las mujeres para una planeación mas justa, más segura, más equitativa. Exigimos y nos movemos  y trabajamos por ciudades para que todas las mujeres ciclistas y todas las personas que se mueven en bici, puedan ir seguras. Y luchamos también por esto y para que seamos más mujeres en bici. Pero no. La realidad es que siempre hay alguien dispuesto a tirarnos su carro encima, a sacarnos del camino, a no detenerse. Alguien dispuesto a matarnos. En São Paulo, en Santiago de Chile, en Ciudad de México, y en cualquier lugar del mundo.


No estamos todas. Estamos incompletas.




 #JustiçaParaMarina 


Traducción: Erica Telles


Pensei que o primeiro artigo que publicaria para retomar este blog seria uma resenha que estou preparando sobre o livro " Cidade Feminista ", de Leslie Kern, publicado em espanhol pela EGodot Argentina. Mas não, o primeiro artigo se transformou neste que será uma confissão, outro grito ou talvez apenas uma forma de me livrar da dor que me causou o conhecimento da morte de Marina Kohler Harkot.


Marina tinha 28 anos, era ciclista, feminista e dedicou sua vida a estudar a mobilidade feminina de gênero pela bicicleta na região metropolitana de São Paulo. Atualmente, estava como Doutoranda em Planejamento Urbano e Regional pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 


E no domingo alguém, dirigindo seu carro, a matou, enquanto ela andava de bicicleta na avenida Paulo VI, e fugiu. Matar e fugir. Quanta crueldade!

 

E, de fato, como diria Daniela Suau (cicloativista e pesquisadora venezuelana): "Primeiro, os/as cicloativistas saberão, depois mais ciclistas, redes sociais, minha melhor amigo, minhas vizinhos e, se tiver um pouco de sorte, mais do quem me tirou a vida, talvez a mídia replique esta notícia”. Soubemos do ocorrido pelo canal de comunicação das Mulheres Ciclistas da América Latina, uma comunidade de mulheres, de vários lugares, reunidas para trocar e dar visibilidade às nossas experiências com as bicicletas. 


E assim, mais um caso, mais um número, mais uma estatística. No entanto, para quem a memória representa (Marina) em nossos pensamentos e emoções, também ficamos com o coração partido.


Todas nós podemos ser Marina, e Marina também foi Marina. A feminista, a ativista da bicicleta, a acadêmica. Filha de alguém, amiga de alguém, companheira de alguém e mais uma aliada do feminismo na bicicleta. Companheira nossa. Uma mulher que não só se movia de bicicleta, mas também estudava e, tenho certeza, ocupou sua vida pensando em como resolver a insegurança e a violência que afetam a nós ciclistas e não só aquela que a matou, mas aquela pessoa que também nos assedia, nos estupra e nos apaga. Realidades que todas nós tentamos combater.


Um dia depois, não consigo acreditar. Ainda não acredito. Em choque, outra amiga me disse que não há outra escolha a não ser escrever com raiva e medo. Estou com raiva. Tenho medo. E eu escrevo isto. O ativismo nos faz agir e, a partir deste lugar, começamos a transformar as realidades que também nos atravessam. E defendemos o lugar da bicicleta na mobilidade urbana, e exigimos segurança, espaços para transitar em paz e que as experiências das mulheres também se tornem visíveis para um planejamento urbano mais justo, seguro e eqüitativo. Exigimos, nos movemos e trabalhamos nas cidades para que todas as mulheres ciclistas e todas as pessoas que se deslocam de bicicleta possam ir com segurança. E também lutamos por isso e para r sermos mais mulheres nas bicicletas. Mas não. A realidade é que sempre há alguém disposto a jogar seu carro em nós, para nos tirar do caminho, a nos deterr. Alguém disposto a nos matar. Seja em São Paulo, em Santiago do Chile, na Cidade do México ou em qualquer lugar do mundo.


Um pedaço de nós se vai diante da sua perda Marina, estamos incompletas.

 

 

 

 

 

 

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